Bebida com sabor intenso e aroma forte, de consumo caseiro ou social, ninguém fica indiferente à fragrância do café que, hoje, constitui um hábito adquirido e disseminado por todo o mundo, com elevada importância na economia internacional – é um dos principais produtos de exportação de quarenta países menos desenvolvidos.
Muitos são os mitos e as lendas misteriosas que se contam quando nos interrogamos sobre a origem deste fruto tão apreciado. Proveniente do árabe qahwah e, frequentemente associado ao Kaffa, os etimologistas acreditam que o café é nativo da Etiópia. E como surgiu afinal?
O mito mais disseminado mundialmente remonta ao ano 600 A.C e conta a história do pastor Kaldi e do seu rebanho de cabras. Reza a lenda que, enquanto passeava as suas cabras nos campos de um mosteiro, Kaldi começou a estranhar a agitação do rebanho ao ingerir umas cerejas vermelhas de um arbusto silvestre. Curioso, o pastor decidiu provar o fruto desconhecido, que logo passou a ser o mais apetecido pelos monges, que logo após tal acção, o viram a dançar juntamente com as suas cabras. A partir desse momento, esta “mistura de cerejas” passou a ser fervida e o seu liquido usado, como elemento que mantinha os monges acordados por muito tempo, durante longas horas de orações.
O cultivo comercial do café começou a ser realizado cedo apesar dos primeiros relatos só aparecem no século XV. As primeiras casas de café foram abertas em Meca, mas esta bebida revitalizante acabou por se popularizar por toda a população árabe. Acredita-se que tal movimento se deveu ao facto dos muçulmanos não poderem ingerir álcool, tendo encontrado no café, um substituto revigorante adequado.
Caracterizada como mercadoria muito valiosa, o segredo do café era religiosamente ocultado pelos árabes ao impedir as visitas às plantações e a cedência de grãos férteis para fora do país. O grão acaba por chegar à Europa através de Veneza e, pelos comerciantes da Rota das Especiarias, local onde é aberto o primeiro estabelecimento com café, apesar de alguns opositores o apelidarem de “invenção amarga de Satanás”. A polémica foi tal que necessitou da intervenção do Papa que, para eliminar a dúvida, provou a bebida e anunciou a sua aprovação. Esta acção foi o motor para o crescimento das casas populares, onde o café se tornou uma bebida social – não foi pioneiro, os muçulmanos já usavam a bebida nos seus convívios musicais e desportivos, como o xadrez. Actualmente,o café é a segunda bebida mais consumida do planeta, apenas superada pelo petróleo!